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terça-feira, 20 de novembro de 2012
Estatísticas de Timor Leste e não só
Veja aqui essa informação sob a forma de ficheiros de EXCEL.
Além disso estão disponíveis "perfis" estatísticos por país, entre os quais o de Timor Leste (em PDF).
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Uma moeda única, como o Euro, para o Sudeste Asiático (and beyond)?
Face ao facto de Timor Leste NÃO ter moeda própria e considerando a experiência do Euro --- em que os pequenos países parece terem mais difuldades que os outros em suportar as consequências de uma política de moeda única para um espaço economicamente tão diversificado ---, este é um tema muito interessante a seguir no futuro. Veja-se aqui o link para a notícia.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Ciclos político-económicos e o combate à inflação em Timor Leste
Genericamente, as concepções sobre a existência de ciclos político-económicos sugerem que os políticos tendem a ser mais "mãos largas" com as despesas públicas algum tempo antes da realização de eleições (para as ganhar, claro...) e que esse facto tende a gerar situações de inflação que são combatidas nos primeiros anos após as eleições pois, ganhas estas, os políticos tendem a "cair na real" e a adoptarem medidas de contracção da economia para provocarem a baixa da taxa de inflação antes que esta atinja valores mais altos e dificilmente controláveis.
Vem isto a propósito do fim do recente ciclo eleitoral em Timor Leste. Depois de dois anos de "mãos largas" na gestão das finanças públicas para satisfazer os anseios de muitos grupos sociais --- o que estará, em parte, na origem da subida da taxa de inflação até aos níveis referidos nas "entradas" anteriores --- e dar cumprimento a promessas eleitorais antigas, será natural que o próximo governo, ganhas as eleições, adopte medidas de controlo dos gastos públicos como forma de ajudar a combater a alta taxa de inflação que se verifica no país, com as consequências que isso tem para o aumento da desigualdade social e redução do nível de vida... de muitos que elegeram os partidos representados no novo governo.
"Recado" ou "wishful thinking"? Nem eu sei... :-)
Custar ou pagar?
Mas o que queremos salientar no escrito do LH é a seguinte parte: "Better design, procurement and project management can improve the value Timor-Leste gets for its money (experts tell us that road projects here cost twice as much as similar ones in Indonesia or the Philippines)".
Este --- nomeadamente a parte entre parenteses e com ênfase acrescentada --- é um aspecto essencial. De facto, já outros especialistas no sector me disseram que o que o Estado paga em Timor pelas obras nas estradas é muito mais que o que deveria pagar. Isto é: o Estado paga muito mais que o que custa efectivamente a construção/reabilitação das estradas. Esta distinção entre o que custa e o que é pago pelo Estado é essencial. É este um dos principais mecanismos do que poderíamos designar como uma certa forma de "corrupção legal" (a juntar à ilegal...): os empreiteiros "inflacionam" os preços porque sabem que o Estado tem dinheiro para pagar e os burocratas, (na melhor das hipóteses) sem meios de controlo do que é justo pagar ou não, pagam.
Mais: uma fez feita a alocação de recursos passa a haver uma como que "aliança objectiva perversa" entre empreiteiros e burocratas: os primeiros, porque sabem que o Estado tem dinheiro para gastar e dotados de um certo poder de "oligopólio", inflacionam os preços e os burocratas, interessados principalmente em aumentar a taxa de excução do Orçamento de Estado para que no próximo as dotações ao seu dispor não sejam reduzidas, pagam alegremente... (cala-te boca!...)
Até dá vontade de perguntar se, no fundo, quem "faz" uma parte significativa do OGE não são os empreiteiros ao pedirem 100 por aquilo que custa efectivamente 50 ou 60 e não o Governo...
Lembro-me, a propósito, de uma vez ter tido uma conversa com uma pessoa com responsabilidades no ramo em que lhe disse do meu convencimento de que o Governo estaria, em muitos casos e provavelmente, a pagar cerca do dobro do que seria justo pelas obras que incluia no OGE. A resposta veio pronta: "o dobro ou mais!...". E não se faz nada para reduzir este desperdício?
Resultado de tudo isto: com um OGE mais baixo será possível, cremos, fazer o mesmo (ou mais...) do que se faz. Daí a necessidade, salientada pelo La'o Hamutuk, de "um melhor desenho/estruturação, procedimentos de compras e gestão dos projectos". Talvez o recurso a alguns empréstimos externos bonificados efectuados por organismos internacionais de apoio ao desenvolvimento (cooperações nacionais, Banco Mundial, Banco Asiático de Desenvolvimento, etc) ajude a melhorar estes aspectos.
Nota: por "oligopólio" entende-se uma forma de funcionamento dos mercados em que os "produtores" (neste caso os empreiteiros) se servem do domínio que têm sobre a "oferta" para aumentarem artificialmente os preços praticados, obtendo assim um sobrelucro "imoral"
Mais um pouco sobre a inflação em Timor Leste
Em Janeiro a taxa média anual total tinha sido de 14,3%, pelo que se está numa (lenta) descida da mesma que, como referimos, a poderá levar a ficar dentro do intervalo 12-13% para todo o ano de 2012. Oxalá nos enganemos e que ela venha (significativamente) para baixo deste intervalo
Mas quais os tipos de produtos que são os principais responsáveis por esta elevada taxa de inflação? Como o peso dos produtos alimentares no cálcuo do IPC (Índice de Preços no Consumidor) é muito alto (56,7%), é natural que sejam estes os "culpados" da situação actual. Os 14,5% de taxa média anual da "alimentação" são, pois, determinantes na taxa total.
Dentro da alimentação verificamos que as frutas (32,9%), os vegetais (22,8%) e a carne e seus derivados (20,5%) são, pelo seu peso no cabaz (15,3 pontos percentuais no seu conjunto), os principais "culpados" desta subida dos preços.
Os transportes (3,2% do cabaz), que incluem o preço dos combustíveis, conheceram, por sua vez, uma taxa média anual de inflação de 17,5% em Junho/12.
Note-se que uma parte importante dos produtos alimentares --- que vimos serem os principais "responsáveis" pela alta taxa de inflação em Timor Leste --- são de origem nacional e não importada. Parece confirmar-se, pois, que a actual inflação é principalmente "nacional", mais que "importada" (que também existe, claro). Como dissemos noutro local, isto remete, com grande probabilidade, para um aparente "excesso" de procura interna relativamente à oferta --- por sua vez resultado de um relativo "excesso" de dinheiro em circulação provocado por um "excesso" de gastos do Estado.
A ser assim, como parece, e face às conhecidas limitações da política monetária no combate à inflação em países sem moeda própria é à política orçamental (gastos do Estado) que cabe um papel importante na luta contra a inflação e moderação na subida dos preços. Agora que está para nascer o próximo governo seria bom que ele tivesse em consideração este facto. Pelo menos mais do que, pelos vistos, teve até agora... Isto é, uma política orçamental, "aqui e agora", tem de ter em consideração não apenas o "amanhã" (as evidentes necessidades de desenvolvimento) mas também o "hoje" (o controlo da inflação). Caso contrário quase se poderá dizer que se está a tirar com uma mão o que se dá com a outra... É que, a verificar-se a taxa de inflação que se estima, isto significa que quem não viu os seus rendimentos aumentados em 2011 e 2012 vai perder, no conjuntos dos dois anos, cerca de 1/4 do seu poder de compra.
Inflação homóloga em Junho: 11%
Estes valores significam que a subida de preços no mês foi de 0,2% relativamente a Maio e que a taxa homóloga (JUN12 vs JUN11) foi de 11%.
O cálculo da taxa média --- a mais usada pelos economistas e pelas organizações internacionais para medir a taxa de inflação de um país já que compara a média dos IPC dos últimos 12 meses com a dos 12 meses anteriores --- permite chegar à conclusão de que, a meio deste ano, se estava com 13,3%, apenas 0,2 pontos percentuais abaixo dos 13,5% do ano de 2011.
Cálculos que temos vindo a efectuar tentando perspectivar o que será a taxa média de inflação em 2012 e que usam médias das taxas mensais de anos anteriores permitem concluir que ela será, este ano, de cerca de 10,2-10,5%. Porém, considerando a evolução destas taxas no primeiro semestre e o seu valor em Junho passado (os já referidos 13,3%), é provável que ela seja superior às estimativas usando médias mensais de anos anteriores porque esta é "deflacionada" por se uarem nos cálculos anos em que a taxa de inflação foi muito baixa, ao contrário do que acontece agora.
Então qual será o valor da taxa média de inflação para todo o ano de 2012? Considerando que no último trimestre há uma tendência para o aumento do ritmo da inflação, não nos admiraremos se em Dezembro deste ano ela ficar dentro do intervalo 12-13%. "A ver vamos", como diz o cego... :-)
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Cadê o Fundo Petrolífero? Dados estatísticos sobre o FP
Recorde-se que o total das receitas petrolíferas recebidas até agora pelo Fundo rondou os cerca de 12,2 mil milhões de USD (entre o seu início em Setembro de 2005 e Março passado), tendo sido transferidos ao longo dos anos para financiamento dos vários Orçamentos Gerais do Estado um total de cerca de 3,1 mil milhões de USD.
Do relatório mensal de Abril acima resulta que cerca de 16% do capital do Fundo Petrolífero está hoje representado por acções de grandes empresas internacionais. Antes da alteração da lei do FP, que agora permite (mas, claro, não obriga!) que esta percentagem atinja os 50%, o investimento neste tipo de títulos foi, durante muitos anos, virtualmente inexistente, sendo, durante a maior parte do tempo, todo o capital representado por títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Inflação homóloga em Maio/2012: 11,2%
Inflação volta a aumentar
Considerando várias hipóteses acerca da possível evolução futura das taxas mensais de inflação, a previsão é agora de que a taxa média anual de 2012 seja de cerca de ]10,2%;10,5%[.
A evolução nos restantes meses do ano dirá se estes valores se confirmam ou não. A confirmarem-se representarão uma ligeira descida relativamente à taxa de inflação de 2011 mas será, ainda, uma taxa (demasiado) alta e bem acima das previsões iniciais do Governo e do FMI.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Como vai a medição da inflação em Timor Leste?
Em 2007 foi feito um inquérito semelhante mas por diversas razões nunca foi possível usá-lo como base para rever o Índice de Preços.
Quão diferente seria o IPC e, com ele, a taxa de inflação se tivessemos um instrumento mais actualizado para medir a inflação? Será que esta seria maior ou menor que o que nos diz o actual IPC? Seria pura especulação responder num sentido ou noutro. Mas parece evidente que há grupos do "cabaz" que estão hoje sobrerepresentados e outros subrepresentados. Mais: os locais onde são recolhidas as informações sobre os preços têm de ser muito alterados, pois no inquérito de 2001 só se tiveram em consideração os "mercados tradicionais"... na época praticamente os únicos existentes, quando hoje é vulgar os consumidores usarem também os chamados "supermercados" como fonte de abastecimento.
Regressando ao caso dos grupos de produtos, vejamos o exemplo de outros países da região:
Acreditamos que este peso está, em relação à realidade actual, muito "inflacionado". Não nos admiravamos se o peso, hoje, estivesse mais perto dos cerca de 45% --- ou mesmo um pouco menos. Por outro lado, o grupo dos "transportes" está, acreditamos, agora subavaliado.
Se o peso da "alimentação" for actualmente bastante mais baixo que em 2001 e dado que tem sido esta a principal responsável pelo aumento recente da taxa de inflação tal como medida pelo actual IPC, pode acontecer que esta nem esteja a ser, na verdade, tão alta como pensamos (13,5% em 2011). O que não quer dizer que não seja igualmente elevada... Mesmo que a alteração do IPC a fizesse baixar para cerca de 10%, por exemplo, continuaria a ser muito alta...
Tudo isto para enfatizar a URGÊNCIA de se rever o IPC, actualizando-o, de modo a termos uma ideia mais precisa do que se passa quanto à inflação. É que com um "estetoscópio" estragado, o "médico" pode enganar-se no diagnóstico da doença e isso ... "ser a morte do artista"!...
Inflação de Timor Leste.
Nas colunas de Dezembro/11 e de Janeiro/12 constam as taxas homólogas de cada grupo. Assim, podemos verificar que em Janeiro passado os "cereais, raízes e seus produtos" (em que a grande maioria é representado pelo arroz importado) tinham preços, em média, 21% mais altos que em Janeiro de 2011. A taxa correspondente para a "carne e seus derivados" (o grupo que terá encarecido mais) é de quase 32%!
Os "materiais de construção", em que as famílias faziam/farão (?) cerca de 5,7% do seu gasto total, aumentaram quase 20% em Jan12 comparativamente com um ano antes.
Deixemos aqui algumas preocupações quanto a estes valores, algumas delas já "ditas e reditas" nestes comentários:
a) a estrutura do consumo não é actualmente, acreditamos, a mesma de 2001, tendo havido algumas alterações que podem ser profundas;
b) a bem da comparabilidade dos dados, os preços são, no essencial, recolhidos juntos dos mesmos "informadores" de 2001, muitos deles operadores nos mercados "tradicionais" e hoje muitos consumidores usam, em Dili, alguns dos vários supermercados como fonte do seu abastecimento pelo que há que melhorar a represnetatividade destes no conjunto das fontes de recolha dos preços;
c) embora não possamos ir, aqui, muito mais longe do que vamos dizer, parece existir, nalguns casos, uma discrepância entre os preços que servem de base aos cálculos e aqueles com que nós, consumidores, nos deparamos no dia a dia: é o preço da "penca" de bananas que não bate certo com o que pagamos, é o preço médio da gasolina ou do gasóleo que está, por vezes, bem acima do que as estatísticas nos dizem; etc.
Enfim e mais uma vez: por favor, façam uma revisão urgente de todo o processo de determinação da evolução da inflação...
Inflação de Timor Leste: "nacional" ou "importada"?
Só que uns tendem a ver a principal causa da elevada inflação na evolução de alguns factores externos e outros, em que me incluo, a chamar a atenção para a crescente importância dos factores internos na subida da inflação.
Um exemplo dos primeiros é o texto abaixo, com o origem no ADB-Asian Development Bank (na verdade assinado pelo seu representante no país) e publicado na edição de Dezembro passado do Pacific Economic Monitor.
Não negamos que numa economia extremamente aberta e dependente das importações como é a de Timor Leste o que se passa nas suas relações económicas internacionais é determinante para a economia nacional. O problema é a importância relativa que elas têm num determinado momento comparativamente com as determinantes mais nacionais, internas à economia (e à política económica) do país.
É aqui que surge a nossa discordância. Se estamos prontos a reconhecer que há uns 2-3 anos atrás a componente "importada" da inflação era mais importante que a componente "interna", hoje estamos convencidos que a importância relativa de ambas se alterou, sendo as causas nacionais (um pouco?) mais importantes que as externas/importadas.
Qual a relevância de saber de quem é a "culpa"? Enorme! O primeiro passo para o sucesso de qualquer política económica é um diagnóstico correcto da situação e determinar se as "culpas" estão "aqui" ou "acoli" é meio caminho andado para a cura... Tal como em qualquer doença: um erro no diagnóstico feito pelo médico e lá vai o doente para os anjinhos... (Credo! Abrenúncio! Vira essa boca para lá!...)
Um argumento do tipo "o aumento do preço do peixe deve-se ao aumento do preço da gasolina" quando nós vemos os pescadores a remarem a toda a força, à mão, os seus "beiros" a 40 ou 50 metros da costa não nos parece um bom argumento. Mesmo que haja uma simultaneidade do aumento de ambos registada na estatística isso não significa que haja uma relação de causalidade. Trata-se apenas de uma coincidência.
Em 2011 os preços deram um "salto significativo" nos primeiros meses do ano, cremos que principalmente devido aos efeitos de uma época das chuvas particularmente rigorosa e não devido ao aumento do preço do petróleo --- mesmo que este não tenha sido irrelevante.
Argumentar que as causas são essencialmente externas (aumento do preço do petróleo; desvalorização do dólar americano, nomeadamente face à rupia indonésia; etc) parece-nos uma interpretação "enviesada" da realidade que (e esse é um dos principais problemas) pode levar os decisores de política económica (particularmente da política orçamental) a um quase "encolher de ombros", como se se tratasse de uma qualquer maldição de Maromak contra a qual nada há a fazer.
Mesmo que tal fosse verdade (i.e., que as causas fossem fundamentalmente externas) a obrigação dos decisores de política económica era/é "não deitar mais achas para a fogueira" ou derramar mais gasolina sobre gasolina a arder...
Ora acreditamos que uma política orçamental demasiado "generosa", com aumento significativo dos gastos públicos (nomeadamente em investimentos cujo produto "não se come"), é NESTE MOMENTO e provavelmente a causa principal da aceleração da inflação a que assistimos nos últimos tempos pois contribuem para um crescente desequilíbrio da procura face à oferta que se "resolve" com aumento das importações e aumento dos preços no nosso país (i.e., com inflação).
A conclusão (e nela estamos com as sugestões do FMI, por exemplo) é a de que é aconselhável uma maior moderação nos gastos públicos. Defender isto NÃO é ser contra o desemvolvimento do país, antes sendo a favor de um desenvolvimento mais equilibrado e socialmente mais justo (todos sabem que a inflação é o pior inimigo das camadas mais pobres), "olhando o futuro" com um horizonte temporal mais largo e não apenas com "óculos de ver ao perto".
Neste contexto, esperamos que o período pré-eleitoral não seja utilizado para "deitar mais lenha na fogueira" com obras e mais obras que, sendo muitas delas necessárias, podem ter um timing mais apropriado no contexto de uma boa gestão macroeconómica. A autêntica "fúria" que detectámos recentemente quer nas ruas de Dili quer noutras estradas em arrancar longos bocados do piso de ruas/estradas que pareciam aguentar mais uns anos não são bom sinal... Será que para tapar decentemente buracos nas mesmas é necessário arrancar tudo?... ...
PS - acho que é apropriado relembrarmos ao leitor o que está escrito na coluna mais à esquerda deste blogue sobre o facto de o que aqui fica me responsabiliza só a mim e não, de maneira nenhuma, o meu empregador neste momento, o Banco Central de Timor-Leste. Este tem apenas um porta-voz: o seu Governador. Neste sentido, não dou "recados" de ninguém, que, naturalmente, não precisa de mim para os dar a quem de direito.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Estudo revela que Díli é considerada a 8ª cidade mais cara da Ásia
A capital de Timor-Leste, Díli, foi considerada a 8ª cidade mais cara da Ásia, à frente de Singapura e Pequim, de acordo com um estudo elaborado pela ECA International, uma empresa especializada em recursos humanos.
A lista, que apresenta três cidades japonesas, Tóquio, Yokohama e Kobe, nos lugares cimeiros, cobre 39 cidades asiáticas e foi elaborada a partir de um cabaz composto por 125 bens variados, desde mercearias a aparelhos eléctricos, passando por roupas, serviços e refeições em restaurantes.
Apresentada no passado dia 2, a listagem apresenta Macau como a 5ª cidade mais cara, atrás de Seul, e à frente de Hong Kong, Taipé, Díli, Singapura e Pequim.
O surpreendente oitavo lugar de Díli, capital do país mais pobre do continente asiático e um dos mais pobres do planeta, é explicado pela ECA International como resultante do facto de os bens de consumo existentes serem todos importados para satisfazer a procura dos expatriados que residem no país.
"Para quem pretende seguir um padrão internacional de consumo, o custo de vida em Díli é superior ao de Singapura", destacou Lee Quane, director-geral da ECA International.
A capital do Bangladesh, Dhaka, é considerada a cidade com o custo de vida mais barato, seguindo-se Manila, Cidade de Ho Chi Min, Bangalore (Índia) e Islamabad.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
“Timor podia dar todas as facilidades fiscais aos investidores portugueses”
O Nobel da Paz garante que Díli quer comprar dívida portuguesa através do Fundo Petróleo.
Duas semanas depois de ter anunciado que será candidato a um segundo mandato presidencial, nas eleições de 17 de Março, o chefe de Estado timorense e prémio Nobel da Paz em 1996, José Ramos-Horta, confirmou em entrevista ao Diário Económico que Timor-Leste está disponível para comprar dívida soberana, através do Fundo Petróleo, bem como para investir em empresas como a PT e a EDP. O presidente timorense apela também às empresas portuguesas para apostarem no país como um trampolim para conquistarem os mercados asiáticos.
Timor-Leste continua interessado em comprar títulos de dívida pública portuguesa? Sugere uma aliança lusófona para ajudar Portugal?
Sem dúvida alguma, a ideia mantém-se válida e cada vez mais pertinente. Explorei a ideia com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão e com Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro, e ambos se mostraram totalmente de acordo. Xanana Gusmão, que foi o primeiro chefe de governo a visitar o Brasil depois da tomada de posse em Janeiro de 2011, abordou essa questão com Dilma Rousseff e a presidente brasileira mostrou-se muito positiva. Na altura, sugerimos que Mari Alkatiri encabeçasse esta iniciativa, com deslocações a Portugal, Angola e Brasil para aprofundar esta minha ideia. Mas surgiram alguns contratempos: a crise governamental em Portugal, que levou à queda do governo de José Sócrates, realização de eleições e formação de novo governo, entretanto a crise agravou-se e obrigou à intervenção da EU e do FMI, e ficámos à espera de uma oportunidade para avançarmos; do lado timorense, o governo para poder dar seguimento a esta ideia tinha primeiro de alterar a lei do fundo do petróleo, o que já aconteceu, no final de 2011. Hoje, no plano legal, Timor já está mais flexível para poder accionar o fundo de petróleo e sozinho, ou em parceria com Angola e Brasil, comprar dívida soberana portuguesa. Já comprámos sozinhos dívida australiana e grega. Porque não comprar dívida portuguesa, porque não investir na EDP? Entretanto a China adiantou-se e Portugal fez muito bem em captar investimento chinês. Já há um ano que digo que Timor pode investir na PT e na EDP. Esperamos que com as eleições de Junho, formação de um novo governo, e a possibilidade de uma visita do primeiro-ministro português, Timor-Leste e Portugal possam avançar em coisas mais concretas na área de investimentos, cooperação económica e comércio. Timor-Leste não pode arvorar-se em querer ajudar Portugal. O país é pequeno e pobre, mas temos uma grande folga financeira e interesse em parcerias com Portugal. Juntos podemos conquistar os mercados do Sudeste Asiático, temos de ir além das declarações de amizade, solidariedade e admiração mútua.
Como caracteriza as relações entre Portugal e Timor-Leste a nível político, comercial, empresarial?
No plano político-diplomático, não há dois países no mundo que tenham relações mais amistosas do que Timor-Leste e Portugal. Há um genuíno e profundo acolhimento por parte da liderança e do povo timorense em relação a Portugal. Sabemos o quanto Portugal contribuiu para a reconstrução de Timor-Leste a partir de 1999/2000. No plano económico-comercial, infelizmente ainda há muito pouco, devido à distância entre os dois países, e dado também ao facto dos empresários portugueses não terem tradição de investir no Sudeste Asiático. Todos sabemos que a vocação portuguesa tem sido mais para o Brasil, Angola, Estados Unidos, Europa, da qual Portugal faz parte. Mas há um grande potencial para o incremento das relações comerciais, não somente da parte de Timor-Leste na aquisição de produtos portugueses, de consumo e tecnologia, mas também empresas portuguesas apostarem em instalar-se em Timor-Leste e fazerem do país a sua base-trampolim para conquistar os mercados asiáticos na região. Isto é possível. Timor-Leste poderia dar todas as facilidades fiscais, poderia co-participar como investidor, a partir do fundo petróleo, nestes empreendimentos portugueses. Como por exemplo: porque não uma indústria farmacêutica portuguesa em Timor-Leste? Beneficiaria Timor-Leste e Portugal, porque iríamos tentar penetrar neste mercado na região. À semelhança de uma indústria farmacêutica que o Brasil instalou em Moçambique para distribuição nos mercados de África Austral, Portugal podia fazer isto em Timor-Leste. Outro exemplo é o projecto Magalhães, que tanto sucesso teve na América Latina. Porque não Timor-Leste adquirir dezenas de milhares destes computadores nos próximos anos, e também a instalação de parte de produção no país, para vender na região, no monstruoso mercado indonésio de 250 milhões de pessoas e em todo o Sudeste asiático (China, Índia, etc.), com 600 milhões de pessoas. Acredito que o Magalhães pode conquistar o mercado da Ásia. Mas não podemos esquecer que qualquer investimento português usando Timor-Leste como plataforma tem de gerar emprego e contribuir para o crescimento económico nos dois país. Se quero fazer parceria com empresas portuguesas faço pelo interesse de Timor-Leste mas também porque quero ajudar Portugal. Como vamos empregar portugueses lá e aqui? Não vamos fazer um investimento que deixe para trás os portugueses.
Portugal continua a ser um parceiro importante?
Portugal já tem a tecnologia de ponta e com sucesso, a Portugal Telecom, a EDP, e todas as outras áreas de energia renovável, a indústria farmacêutica, médica, para não falar das indústrias do calçado, mobiliário, lacticínios, conservas. Eu garanto que a qualidade dos produtos portugueses conquistará rapidamente os mercados asiáticos. É preciso os governos de Portugal e Timor-Leste chegarem a acordo para que haja incentivo às empresas portuguesas se instalarem em Timor-Leste, que poderá ser um co-investidor.
O que o motivou a recandidatar-se à presidência de Timor-Leste? Porque diz que não fará campanha eleitoral?
Depois de meses de hesitação e reflexão, decidi recandidatar-me por duas ou três razões fundamentais. A primeira porque recebi uma petição subscrita por 120 mil pessoas, e eu sabia que eles estavam a recolher assinaturas sem nenhum partido político ou máquina partidária por trás, sem financiamento de ninguém, e surpreendi-me e comovi-me pela forma como percorreram o país numa única viatura, de autocarro, de moto, a pé, e nunca tiveram dificuldades em recolher assinaturas, não houve uma pessoas a dizer não assino. Em segundo recebi muito encorajamento das mais variadas personalidades timorenses, políticas e religiosas. Em terceiro, de muitos amigos da comunidade internacional, desde chefes de Estado e de governo, a ministros dos Negócios Estrangeiros, amigos que conhecendo Timor-Leste pediram para me recandidatar. Decidi no último minuto, depois de ter entrado na igreja de Motael, estive uns minutos a reflectir e anunciei a minha candidatura. Até ao último minuto podia ter dito não, mas não queria defraudar tanta gente que quer pôr esta carga excessiva nos meus ombros. Decidi não fazer campanha por sincero respeito a alguns dos candidatos já confirmados. Qualquer um deles faria um bom papel. Talvez terão outro estilo, talvez terão mais dificuldades por estarem ligados a partidos políticos. São pessoas de extrema coragem e dedicação ao país. O país é pequeno, um milhão e 200 mil habitantes. Em cinco anos como presidente corri o país de lés a lés. O povo conhece-me e sabe onde me posiciono como líder, a minha filosofia de vida, o meu conceito de Estado. Depois de cinco anos ainda tenho de fazer campanha? Os meus apoiantes vão fazer campanha nas ruas, não posso impedi-los. Eu farei uma única comunicação ao país, em meados de Março, já no fim da campanha. Aceitarei participar em qualquer debate político que queiram organizar, porque se recusar posso ser acusado de arrogância. Serei sempre muito franco e aberto nos meus pontos de vista, mas não tentarei influenciar votos a meu favor.
Partilha dos receios do secretário-geral da ONU sobre a possibilidade de eventuais tensões e violência em Timor-Leste depois da saída da UNMIT?
Não partilho das preocupações da ONU ou de outros observadores internacionais sobre a possibilidade de violência durante as eleições ou depois. Nos últimos quatro anos conseguimos com o apoio da ONU, reestruturar a nossa polícia, as Forças Armadas, implementar maior sentido de disciplina e obediência ao poder civil eleito, de abandonarem filiações políticas ou em grupos de artes marciais. Os líderes partidários têm mostrado muito maior sentido de responsabilidade e maturidade e o povo lembra-se da crise de 2006 e ninguém quer voltar a esse período. Estou confiante que tudo vai correr na maior tranquilidade possível.
Que desafios enfrenta Timor-Leste num futuro próximo?
Os grandes desafios que vamos enfrentar a partir de 2012 passam por consolidar a paz, a segurança e as nossas instituições democráticas com a saída da força policial da ONU e da força internacional da Austrália e Nova Zelândia, esta última presente apenas simbolicamente. Na área do policiamento, desde há dois anos que todo o policiamento é feito pela polícia timorense, com a ONU apenas a monitorizar, observar e a dar apoio quando necessário. Estou optimista nesta área. Espero também que o preço do petróleo continue a manter-se acima dos 100 dólares por barril para que Timor-Leste possa ter acesso a receitas de modo a podermos financiar o plano de desenvolvimento estratégico elaborado pelo governo e assim criar emprego, eliminar o desemprego, que já é baixo, e eliminar a pobreza extrema no país. Só podemos fazê-lo com as receitas do petróleo e gás e a sua aplicação no desenvolvimento de infra-estruturas, maior investimento na área da agricultura para garantir segurança alimentar, eliminar a subnutrição infantil, ainda elevada. Desenvolvimento social, desenvolvimento económico. E não há lugar para corta-mato, não há atalhos. Vai levar alguns anos mas é possível com as receitas do petróleo.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Timor-Leste procura investidores estrangeiros que envolvam micro e pequenas empresas
OJE/Lusa
O ministro da Economia de Timor-Leste, João Gonçalves, disse hoje, na abertura do Fórum sobre o Crescimento Inclusivo, que o país está à procura de investidores estrangeiros com projetos que envolvam as micro e pequenas empresas timorenses.
"Será dada uma particular atenção aos projetos que tenham efeitos de estruturação e spill-over nas micros e pequenas empresas", afirmou o ministro, quando se referia às medidas que estão a ser tomadas pelo governo timorense para melhorar o clima económico e de investimento no país.
A título de exemplo, João Gonçalves explicou que as autoridades timorenses pretendem um projeto na área alimentar que se "constitua como um dinamizador da procura de produtos nacionais e exija quantidade, qualidade e, sobretudo, gestão, estruturação e capacitação dos agentes económicos timorenses".
"Será particularmente bem acolhido e apoiado", frisou.
Para melhorar e facilitar o investimento no país, o governo timorense criou o Banco Nacional do Comércio de Timor-Leste, vocacionado para micro e pequenas empresas, e está a criar o Banco de Investimento e Desenvolvimento, que se destina a apoiar a execução do Plano Estratégico de Desenvolvimento.
O ministro da Economia salientou também que o papel do Estado na economia não é substituir os agentes económicos, mas criar as condições para que estes "possam desempenhar os papéis e as funções para quais foram concebidos".
O objetivo do Fórum, que termina na terça-feira, é estimular o empreendedorismo e o crescimento económico no país.O Fórum pretende também informar sobre as atividades económicas bem sucedidas em Timor-Leste e coordenar os atores do setor público, privado e cooperativo na criação de negócios e oportunidades de trabalho.
06/02/12
OJE/Lusa
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Atividade ekonomia (não petrolíferas) produz receitas 892,3 milhões de dólares iha 2010
Díli, 01 Fev (Lusa) – Aktividade ekonomia iha Timor-Leste konsegue hetan receitas 892,3 milhões dólares iha 2010 no fo servisu ba ema hamutuk 46.700. Divulgasaun ne hasa hosi Ministério das Finanças tuir analize ba baze de dadus nebe foin mak halo remata.
Tur análise ne rasik, nebe elabora hosi Direção Nacional de Estatísticas, "sektor dos negócios geraram receitas de 892,3 milhões de dólares, maske hasai despesas 657,4 milhões, aktividade ekonomia rai laran knosgue fo fila ossan ida né no hetan tan lucro hamutuk 234,9 milhões".
Estudo mos hatete katak, iha 2010, sektor empresarial ka privadu konsege fo servisu ba ema hamtutuk 46.700 pessoas, nebé 82 por cento hosi servisu hirak né mossu iha Díli, capital país nian.
Sektor komércio faan sasan nian no grossaria tur iha fatin aas liu iha atividades ekonómicas nebé produz 46 por cento hosi receitas iha 2010, no emprega ema hamutuk 26 por cento iha sector né rasik.
Sektor konstrução sai nudar segundo maior empregador nebe fo servisu kuaze 14 por cento.
"Lançamento estudo ne rasik fo uma imagem diak ba estrutura no servisu diak sector empresarial Timorense iha 2010", afirma comunicado nebé ministra das Finanças Timorense, Emília Pires mak hatete.
Tuir ministra, os "dados sira né sei serve atu dezenvolve políticas públicas no halo avaliações" ba sector idak-idak.
Parabens ba governo Xanana Gusmão, tanba estudo ida né hamate kedas propaganda opozisaun nian nebé sempre dehan katak governu la halo buat ida. Maibe de fakto, ema komessa sente ona buat barak iha baze.