Um ramo (?) da Economia e da Política Económica interessa-se pela
evolução da situação económica conjuntural (= curto prazo) de um país
"olhando-a" na sua articulação com os ciclos políticos, particularmente
os ciclos entre duas eleições legislativas (ver
aqui um texto sobre o assunto).
Genericamente, as concepções sobre a existência de ciclos
político-económicos sugerem que os políticos tendem a ser mais "mãos
largas" com as despesas públicas algum tempo antes da realização de
eleições (para as ganhar, claro...) e que esse facto tende a gerar
situações de inflação que são combatidas nos primeiros anos após as
eleições pois, ganhas estas, os políticos tendem a "cair na real" e a
adoptarem medidas de contracção da economia para provocarem a baixa da
taxa de inflação antes que esta atinja valores mais altos e dificilmente
controláveis.
Vem isto a propósito do fim do recente ciclo eleitoral em Timor Leste.
Depois de dois anos de "mãos largas" na gestão das finanças públicas
para satisfazer os anseios de muitos grupos sociais --- o que estará, em
parte, na origem da subida da taxa de inflação até aos níveis referidos
nas "entradas" anteriores --- e dar cumprimento a promessas eleitorais
antigas, será natural que o próximo governo, ganhas as eleições, adopte
medidas de controlo dos gastos públicos como forma de ajudar a combater a
alta taxa de inflação que se verifica no país, com as consequências que
isso tem para o aumento da desigualdade social e redução do nível de
vida... de muitos que elegeram os partidos representados no novo
governo.
"Recado" ou "wishful thinking"? Nem eu sei... :-)
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