Lisboa, 27 nov (Lusa) – O Timor Leste "é um pequeno país mas que em tudo pode vir a ser grande", garantiu quarta-feira em Lisboa o primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão (dir.).
O líder timorense, que intervinha num encontro com cerca de 300 pessoas no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, aproveitou a ocasião para destacar os avanços alcançados pelo seu governo, no poder há 15 meses, em comparação com o "triste legado" deixado pelos anteriores executivos.
Xanana Gusmão iniciou quarta-feira uma visita oficial de dois dias a Portugal, a primeira desde que, em agosto de 2007, passou a liderar o executivo timorense, encabeçando uma coligação parlamentar que lhe garante a maioria absoluta no parlamento timorense.
"Neste momento, grandes são as expectativas e grandes são os desafios", afirmou Xanana Gusmão, comentando o fato de nos últimos dois anos o país ter andado de novo nas "bocas do mundo".
"Nestes dois últimos anos, Timor Leste andou de novo pelas bocas do mundo e muito se disse, e se escreveu, sobre o nosso país. Inclusivamente que nos íamos transformar num Estado falhado ou ficar reféns de poderosos interesses globais, políticos e econômicos", disse.Comparando o que já foi feito em termos de crescimento econômico, combate à pobreza e estabilidade política e de segurança, em relação ao que classificou como "triste legado" dos anteriores governos, Xanana Gusmão destacou o "novo ciclo de vida do Timor Leste", que disse ser "por si só um grande progresso".
A coligação parlamentar que lidera "definiu um projeto político reformador e deu prioridade à estabilidade e segurança nacional, à recuperação econômica e melhoria das condições da população, resgatando-a da pobreza".
"Sentimos que muito se fala do Timor mas de uma forma irresponsável", salientou ainda, referindo-se ao artigo na edição de terça-feira no diário português Público, que define Timor Leste como "Um País Insustentável".
"Em apenas 15 meses Timor Leste assistiu já a uma mudança fundamental: houve mudança na mentalidade nacional", frisou.Socorrendo-se do relatório sobre a pobreza divulgado quarta-feira em Díli, um documento elaborado conjuntamente pelo Banco Mundial e pelo Ministério das Finanças timorense, Xanana Gusmão lamentou o fato de os anteriores governos não terem adotado "medidas concretas" para o desenvolvimento do país.
"Estamos mais pobres do que estávamos há cinco anos atrás", frisou.O relatório salienta que a pobreza aumentou significativamente no país entre 2001 e 2007.
"O governo anterior simplesmente falhou em gerir a economia e em providenciar oportunidades para o nosso povo. O resultado está à vista de todos, cerca de metade da população vive com menos de 0,60 centavos de euro diários e deste, metade são crianças", explicou.Xanana Gusmão citou ainda que o seu governo vai continuar a lutar pela construção do gasoduto no sul do país, em alternativa à solução australiana.
"Este projeto, a somar à criação de uma companhia petrolífera nacional corresponde à potencial criação de mais emprego e de crescimento econômico", justificou."Estamos preparados para ganhar mais esta guerra.
Esta guerra fria na defesa dos nossos recursos", garantiu."Estamos prontos para demonstrar que é possível desenvolver o nosso país e estamos também prontos para receber o investimento privado, dos que querem aproveitar esta oportunidade", adiantou.A este respeito anunciou a existência de um pacote legislativo sobre investimento, uma lei tributária "aliciante", bem como legislação "vantajosa" sobre o arrendamento de terrenos".
"E temos finalmente a segurança que não tínhamos", frisou."Timor Leste pode e vai ser grande", concluiu.
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