30 de Julho de 2014, 14:43
Díli, 30 jul (
Lusa) - O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri afirmou hoje que o maior desafio para implementar uma
Economia Social de Mercado em Oecussi é a mudança de mentalidades, que passa por investir um "capital de risco" na educação.
"O primeiro grande desafio é a transformação de mentalidades prevalecentes na nossa sociedade através da educação e do trabalho", afirmou Mari Alkatiri, no discurso proferido durante a tomada de posse como presidente da Autoridades da Região Administrativa de Oecussi.
Mari Alkatiri, também secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin, único partido na oposição no parlamento timorese), foi nomeado na sexta-feira passada por decreto presidencial presidente daquela região, com o objetivo de desenvolver o projeto para a criação de uma Economia Social de Mercado no enclave timorense e na
ilha de Ataúro, situada em frente a Díli.
"Há que ter consciência clara da necessidade de um capital de risco para ser investido na capacitação dos homens e mulheres de modo a prepará-los para a passagem necessária de uma situação de economia de subsistência para uma economia de escala", salientou Mari Alkatiri.
Segundo o secretário-geral da Fretilin, a Economia Social de Mercado que Timor-Leste defende significa a "inclusão de todos no processo de desenvolvimento económico e social".
"Um processo capaz de garantir emprego a todos mas, ao mesmo tempo, também abre caminho para a aquisição por todas as famílias de instrumentos financeiros de participação que garantam o retorno financeiro, económico e social para todos os cidadãos", afirmou.
Mari Alkatiri destacou também que o projeto visa uma maior "redistribuição da riqueza através de uma maior inclusão social e económica capaz de ampliar o mercado de modo a garantir maior rentabilidade do investimento".
O Presidente timorense,
Taur Matan Ruak, afirmou que o projeto é importante para avançar para o desenvolvimento económico e social e que a população "espera resultados" de um projeto onde o Estado vai investir milhões.
"Este projeto tem de apostar na formação. Só um forte investimento nos recursos humanos poderá criar desenvolvimento", alertou o chefe de Estado timorense.
Participaram na cerimónia, que decorreu no Palácio da Presidência, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, membros do governo, deputados, corpo diplomático.
A
Zona Especial de Economia Social de Mercado, a desenvolver em
Oecussi e Ataúro, pretende incentivar o desenvolvimento regional integrado através da criação de zonas estratégicas nacionais atrativas para investidores nacionais e estrangeiros.
O objetivo é retirar a Oecussi o estatuto de enclave e conferir-lhe o estatuto de polo de desenvolvimento nacional, sub-regional e regional, ficando
Ataúro, no âmbito deste polo, direcionado para o turismo integrado.
No âmbito da criação daquela região, o primeiro-ministro timorense,
Xanana Gusmão, e Mari Alkatiri realizaram em abril uma visita de trabalho a Oecussi para encontros com as autoridades tradicionais, religiosas e distritais para explicar o projeto, que inclui a construção de infraestruturas, nomeadamente um aeroporto, estradas e pontes.
MSE // FV.
Lusa/Fim
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