Melissa Lopes
14/01/2014 - 17:53
Cimeira da comunidade, que se realiza em Julho em
Timor-Leste, é vista como o ponto de partida para esse desenvolvimento.
Melhoria da mobilidade de pessoas e bens dentro da CPLP deverá ser alvo de
propostas.
Ministro continua preocupado com Guiné-Bissau
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, considerou esta
terça-feira que a cimeira da CPLP que se realiza este Verão em Díli,
Timor-Leste, será um momento crucial para a expansão da língua portuguesa na
Ásia e também para o “alargamento dos horizontes económicos” e “gerar riqueza”
para os membros da comissão.
Durante uma visita protocolar à sede da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, em Lisboa, o secretário-executivo daquela instituição, Murade
Murargy, classificou a cimeira como o “meio caminho para a nova visão, para o
futuro da CPLP”. “A Cimeira de Díli vai ser a reafirmação do nosso compromisso
político, para transformar a organização numa organização internacional”,
acrescentou o moçambicano.
Retrato que o ministro secundou, destacando o facto de a reunião magna se
realizar em Timor-Leste e enaltecendo a importância da língua portuguesa como
um vínculo cultural e económico. “A língua portuguesa já não é só a língua dos
portugueses”, disse o ministro, lembrando que o português é o terceiro idioma
mais falado no Ocidente e o oitavo no mundo.
O secretário Executivo da CPLP, Murade Murargy, referiu que “apesar dos
constrangimentos” pelos quais a comissão passa, a posição da organização vai-se
afirmando tanto a nível interno dos países como também a nível internacional.
“A língua está consolidada”, disse, acrescentando que “hoje mais do que nunca
somos respeitados em todo o mundo”.
Murade Murargy apontou falhas no que toca ao desenvolvimento económico e
empresarial, uma área que “também tem que ser consolidada”, defendeu, revelando
que “sente uma crítica construtiva” relativamente ao distanciamento dos
cidadãos membros da organização. “A CPLP tem, de criar um espaço para que a
sociedade civil possa participar. Os cidadãos e a sociedade civil em geral
esperam mais do que isto: os cidadãos têm que sentir que fazem parte da
comunidade.” Se assim não for, a missão da CPLP corre o risco de “desvanecer-se
se não chegar aos cidadãos”, disse.
Rui Machete reafirmou o interesse de Portugal na organização e concordou
que existe uma necessidade de expansão e desenvolvimento da organização em
matéria de economia, para que “todas as potencialidades se concretizem“,
acrescentou.
A mobilidade de bens, pessoas e serviços foi um outro assunto destacado.
Trata-se de, nas palavras do secretário executivo da CPLP, de “um desafio
enorme”. A intenção é “construir uma sociedade de portas abertas”, na qual os
cidadãos, assim como bens e serviços, possam circular “sem problemas
burocráticos”.
Assunto Guiné-Bissau “ocupa lugar cimeiro”
Relativamente à Guiné-Bissau, o secretário-executivo pediu ao ministro para
que, no próximo Conselho de Ministros, o assunto mereça uma atenção especial.
“Temos de apoiar a Guiné-Bissau a reconquistar a sua normalidade”, referiu
Murade Murargy, relembrando também a pretensão da Guiné-Equatorial entrar na
CPLP, mas que tem sido adiada. “Se conseguirmos respeitar os princípios que nos
orientam, se criarmos espaço para que outros se possam associar a nós (…)
podemos ser uma grande organização internacional”, defendeu.
Rui Machete reconheceu que a Guiné "ocupa um lugar cimeiro nas
preocupações” de Portugal e que é muito importante que se realizem eleições no
país, para que se concretize a plenitude das funções democráticas”, reforçando
a ideia da necessidade de superar os incidentes e encontrar o caminho da
normalidade. “Os recentes incidentes em Bissau [com o voo da TAP] têm que ser ultrapassados em prol dos
interesses das duas populações”, afirmou o ministro.
Rui Machete destacou ainda os sinais de “esperança” que vêm dos países que
tiveram dificuldades económicas, ou que enfrentaram situações de guerras
(Guiné, Angola e Moçambique), relativamente à superação dos seus problemas, e
terminou “renovando a promessa de que o Governo tudo fará para garantir o
sucesso da organização e dos seus membros”.